Iphan
apura destruição de arte rupestre sagrada para povos do Xingu
Publicado
em 04/10/2018 - 21:04
Por Juliana
Cézar Nunes - Repórter da Rádio Nacional Brasília
Inspeção do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ( Iphan) constatou a retirada de um
painel com gravuras rupestres localizado na Gruta de Kamukuwaká, em Mato
Grosso. O sítio arqueológico é tombado pelo Iphan como patrimônio cultural
do país desde 2010 e considerado local sagrado por 11 etnias indígenas do Alto
Xingu.
O diretor do Centro Nacional de
Arqueologia do Iphan, Flávio Calippo, informou que o órgão já solicitou
investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para o caso.
Apurações preliminares da Polícia Militar indicam a retirada criminosa das
placas na gruta onde estavam as pinturas rupestres. Ele disse que é possível as
placas terem sido arrancadas intencionalmente. "Existe um processo natural
de desplacamento, mas o que parece, embora ainda não haja um laudo sobre isso,
é que foi uma atividade intencional."
Paulo Junqueira, do Instituto
Socioambiental, criticou a falta de proteção das áreas depredadas. Coordenador
da equipe do instituto no Território Indígena do Xingu, Junqueira disse que a
intensificação do turismo na região da gruta deixou as gravuras rupestres
sagradas muito vulneráveis.
"O tombamento foi uma coisa
que aconteceu só no papel. Nenhuma ação para a salvaguarda desses lugares foi
feita. Não tem sequer uma placa dizendo que é tombado, não tem nenhuma ação de
educação nas cidades do entorno, não tem nenhum sistema de vigilância para
proteger aquelas áreas. Então, faltou um plano de salvaguarda pós o
tombamento", afirmou Junqueira.
O Iphan aguarda a apuração da
Polícia Federal para definir as medidas que serão tomadas para proteção do
sítio arqueológico da Gruta de Kamukuwaká.
Outras gravuras rupestres sagradas para os indígenas estão em galerias inferiores das grutas, cobertas por areia, mas visíveis em algumas épocas do ano.
Outras gravuras rupestres sagradas para os indígenas estão em galerias inferiores das grutas, cobertas por areia, mas visíveis em algumas épocas do ano.
Edição: Nádia
Franco
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