UnB cria
método para produção de látex hipoalergênico
Processo pode ser usado no fabricação de luvas,
camisinhas e cateteres
Publicado
em 30/06/2018 - 15:57
Por Helena
Martins – Repórter da Agência Brasil Brasília
Pesquisadores do Instituto de
Química da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um método para produção
de materiais hipoalergênicos de látex de borracha natural, que poderão ser
utilizado na fabricação de camisinhas, luvas cirúrgicas, cateteres e outros
itens. Além de não causar alergias, os produtos podem mais resistentes. O
processo já foi patenteado.
O professor Floriano Pastore Júnior lidera a
pesquisa no Instituto de Química da UnB - Reprodução/TV Brasil
O que os pesquisadores desenvolveram foi uma forma
de inativar proteínas alergênicas no látex de borracha natural. “O látex é um
meio biológico muito rico, temos lá mais de 200 tipos de proteínas diferentes
nele. No entanto, 13 delas são alergênicas e podem fazer mal à saúde. Quando se
trata de usar o cateter em posição de contato muito próximo da mucosa, se a
pessoa for alérgica pode ter um choque anafilático e vir a óbito”, explicou o
professor Floriano Pastore Júnior, que lidera a pesquisa no Instituto de
Química da instituição.
Em experiências anteriores, as proteínas eram
retiradas do látex para evitar a alergia. "Em vez disso, partimos para uma
abordagem diferente, porque vimos que retirar as proteínas tirava a resistência
dos filmes feitos com látex. Então, a forma encontrada para evitar esse efeito
foi não retirar as proteínas e, sim, bloquear a ação delas, o que foi feito por
meio da utilização de tanino. Feito a partir do chá da casca da acácia-negra, o
tanino é usado no curtimento de pele animal, para transformá-la em couro. Nesse
processo, o tanino passa a funcionar como escudo de proteção das proteínas,
evitando ataques de bactéria, dando estabilidade e longevidade ao couro.
“Usamos a reação química do tanino com a proteína
do couro para proteger as proteínas do látex. Essas proteínas permanecem com
uma capa de tanino vegetal e não desenvolvem mais reações alérgicas”,
disse o professor.
Testes
Processo pode ser usado na
fabricação de luvas, camisinhas e cateteres - Reprodução/TV Brasil
Testes feitos em Londres comprovaram que a
resistência do látex não se perdeu no novo processo. Novas comprovações estão
sendo realizadas em laboratórios do Brasil e de outros países, como nos Estados
Unidos. Embora ainda não haja previsão de prazo para a adoção do método e seu
uso pelo conjunto da sociedade, há expectativa de que isso ocorra. Assim, os
materiais que venham a ser produzidos por meio do processo poderão ter maior
resistência, o que é particularmente importante no caso das camisinhas, por
exemplo, pois ampliará sua eficácia.
Em 1997, a Sociedade Americana de Anestesiologia
(ASA) estimou que 8% da população em geral têm alergia ao látex. O número é bem
maior, quando observados grupos que convivem cotidianamente com o material.
Nesses grupos, estão incluídos pacientes com Spina bífida, que requerem
múltiplas cirurgias e frequente cateterização vesical e os profissionais de
saúde, como médicos, dentistas e enfermeiros. Neste caso, o percentual de
incidência do problema chega a 20%.
Edição: Maria
Claudia
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