Projetos sobre orçamento impositivo recebem 57 propostas de
emendas
Previsão é votar os três PLs entregues pelo governo na terça
Publicado em 07/03/2020 - 17:58 Por
Marcelo Brandão - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Foram apresentadas 57 propostas de
emendas para os Projetos de Lei do Congresso Nacional (PLNs) sobre orçamento
impositivo entregues pelo governo federal na semana passada. Os PLNs fazem
parte do acordo que manteve os vetos presidenciais sobre a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) na última sessão conjunta da Casa. A previsão é
que os PLNs sejam votados na terça-feira (10).
Toda a polêmica sobre a derrubada
de vetos, ocorrida desde o mês passado, gira em torno do poder de decisão sobre
o uso de dinheiro do Orçamento. Os congressistas querem ter mais poder para
indicar onde verbas para projetos serão aplicadas. Um deputado, por exemplo,
quer direcionar verba para construção de uma ponte no seu estado e, assim,
mostrar eficiência ao seu eleitor.
Já o governo federal quer ter o
poder de decidir se repassa ou não verba para projetos aprovados pelo
Congresso. Essa verba está dentro do montante de despesas discricionárias,
aquelas que não são obrigatórias (como pagamento de servidores públicos e
aposentadorias) e é a menor fatia do orçamento. Com a impositividade do
Orçamento, o governo teria ainda menos margem de manobra para liberar recursos
para ministérios que cuidam de áreas como infraestrutura e políticas públicas.
Por isso, o presidente Jair Bolsonaro vetou os dispositivos.
Os projetos de lei
Dos três PLNs, dois são relatados
pelo deputado Cacá Leão (PP-BA) e um pelo deputado Domingos Neto (PSB-CE). Os
PLN 2/2020 e 4/2020 têm relatoria de Leão. O primeiro recebeu 34 propostas de
emendas, enquanto o segundo recebeu 17 propostas. Já o PLN 3/2020, relatado por
Neto, recebeu seis propostas de emenda, sendo cinco de deputados do Novo e uma
de um deputado do PT.
Leão entregou os relatórios dos
dois PLNs no final da tarde de ontem (6). No PLN 2, ele acatou parcialmente
cinco emendas das 32 apresentadas. Esse projeto regulamenta a execução de
emendas impositivas, ou seja, de execução obrigatória, e coloca critérios que
podem impedir a obrigatoriedade de emendas parlamentares individuais ou de
bancada.
Três dessas emendas acolhidas
suprimem situações que poderiam caracterizar impedimento técnico para a
execução da programação. Outra confere a qualquer Poder, não apenas ao
Executivo, como queria o governo, a indicação de remanejamento de despesas não
executadas na destinação original.
O PLN 4 determina que o relator do
Orçamento ou comissão só poderão indicar a destinação de uma verba extra, um
dinheiro que o Congresso acrescente ao projeto original. Ou seja, a liberdade
dos parlamentares, especialmente do relator, torna-se relativa quando o assunto
é indicar onde o dinheiro do orçamento destinado a projetos de lei será
aplicado.
Nesse PLN foram acatadas
parcialmente quatro emendas. Todas sugerem que, para a indicação na aplicação
dessa verba extra, sejam divulgados os beneficiários e a ordem de prioridade para
recebimento dos recursos.
O PLN 3/2020, relatado por Domingos
Neto, altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA), transformando R$ 9,6
bilhões de emendas do relator-geral do Orçamento em gastos não obrigatórios do
Executivo. Esse é o PLN que tira poder do relator-geral que, no caso, também é
Domingos Neto. Apesar do prazo limite para entrega do relatório ter terminado
ontem, Neto não o fez.
Regimentalmente, isso pode
prejudicar a votação do relatório na próxima terça-feira na Comissão Mista de
Orçamento (CMO) e, consequentemente, no plenário do Congresso, uma vez que é
necessário dois dias de prazo entre a entrega do parecer e a votação na
comissão. Mas um acordo entre os parlamentares pode quebrar o prazo e permitir
a votação.
Edição: Fábio Massalli