Pacto
federativo pode transferir até R$ 500 bi a estados e municípios
Propostas foram levadas ao Congresso nesta
terça-feira por Bolsonaro
Publicado
em 05/11/2019 - 14:22 e atualizado em 05/11/2019 - 14:48
Por Andreia
Verdélio e Karine Melo – Repórteres da Agência Brasil Brasília
Com as mudanças no pacto federativo, poderão ser
transferidos a estados e municípios de R$ 400 bilhões a R$ 500 bilhões nos
próximos 15 anos. A informação foi dada pelo ministro da Economia, Paulo
Guedes, que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional para a
entrega de um pacote com três propostas de emenda à Constituição (PEC) que
tratam de reformas econômicas que atingem os governos locais.
O
ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro e o presidente
do Senado, Davi Alcolumbre, durante a solenidade de entrega das propostas do
novo pacto federativo ao Congresso - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Durante a cerimônia, realizada no gabinete da
presidência do Senado, Bolsonaro disse que, após a reforma, os recursos deverão
chegar aonde o povo está, para políticas públicas em saúde, educação,
saneamento e segurança. “Eles, lá embaixo, nos estados e municípios, decidirão
o que fazer melhor do que muito de nós, porque eles vivem os problemas do dia a
dia na sua base”, disse o presidente. “Nós gostaríamos, sim, de continuar
recebendo a visita de prefeitos e governadores, mas a título de visita apenas e
não para vir nos pedir algo orçamentário. Isso [recursos] já está garantido
nessa emenda à Constituição.”
Além da PEC do Novo Pacto Federativo, foram
entregues ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a PEC da
Emergência Fiscal, ou PEC dos Gatilhos, que define gatilhos automáticos de
contenção dos gastos públicos em caso de crise financeira na União, estados e
municípios, e a PEC dos Fundos, que revê a vinculação de receitas com 281
fundos públicos em vigor atualmente.
O ministro Paulo Guedes explicou que o objetivo é
modernizar o Estado brasileiro para fazer as políticas públicas de forma
descentralizada, garantindo as receitas. “O pacto tem várias dimensões, tem a
consolidação de uma cultura fiscal, cultura de austeridade e sustentabilidade
financeira. Na verdade, nós vamos garantir finanças sólidas para a República
brasileira. Ao mesmo tempo, estamos descentralizando recursos para estados e
municípios de forma a fortalecer a federação brasileira. As outras dimensões
são auxiliares como a reforma administrativa, como o estado de emergência
fiscal, como as privatizações”, explicou.
Bolsonaro, os ministros e assessores fizeram a pé o
caminho entre o Palácio do Planalto e o Senado Federal. Após a entrega dos
projetos, o presidente passou rapidamente pelo plenário da Câmara dos Deputados
e, também a pé, retornou à sede do Executivo.
Tramitação
Como as propostas do pacto federativo estão, há
meses, sendo debatidas entre a equipe econômica e os líderes partidários, para
que comecem a tramitar pelo Senado, o governo abriu mão da autoria do texto. As
propostas serão apresentadas pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra
Coelho (MDB-PE), e pelo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes
(MDB-TO).
"Não se faz descentralização dos recursos
apenas com a vontade do Parlamento. O Parlamento sempre desejou isso, mas o
fato concreto é que o governo compreendeu a mensagem”, disse o presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O senador ressaltou que, ao longo das últimas
décadas, a centralização de recursos no governo central impediu o
desenvolvimento de muitas regiões do país, especialmente do Norte e do
Nordeste, mas que agora esta é uma bandeira do atual governo.
“Quando o presidente da República traz propostas
como essa de descentralização de recursos, e quando o Parlamento vota um tema
como cessão onerosa, que também divide recursos da exploração do excedente do
petróleo para estados e municípios, são gestos concretos do compromisso e do
discurso assegurado pelo governo desde o primeiro dia com a descentralização”,
acrescentou o presidente do Senado.
Sobre o calendário para tramitação das PECs,
Alcolumbre disse que deverá ser definido amanhã (6) em uma reunião na qual
espera contar com a participação dos 81 senadores “para recepcionar
oficialmente as três propostas”. A expectativa do governo é que o pacto seja
aprovado até meados do ano que vem.
Previdência
Davi Alcolumbre destacou o trabalho do Senado este
ano e lembrou que nesta quarta-feira deve ser votada na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Casa a PEC paralela à reforma da Previdência,
que estende as regras para estados e municípios. “Foi uma luta do Senado a inclusão
desse tema na nova emenda constitucional.”
O ministro Paulo Guedes agradeceu ao Senado pelo
encaminhamento da PEC paralela e disse que essa proposta também atende ao
espírito de fortalecimento da federação. “É melhor uma reforma onde a União tem
R$ 800 bilhões [de economia] e os estados e municípios estão dentro e
fortalecidos, do que uma de R$ 1 trilhão, onde estados e municípios estão
fora”, disse Guedes, ao comentar as previsões inicial e final de economia da
União com a reforma da Previdência.
O título foi corrigido às 14h48: as transferências
poderão ser de até R$ 500 bilhões, e não milhões, como tinha sido publicado
Edição: Nádia
Franco
Tags: pacto federativo recursos para estados e municípios PEC
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